Aspectos positivos do Mercado
O mercado incentiva os produtores a oferecerem os bens que os consumidores desejam – Quando os consumidores quiserem mais chá, o preço subirá e os produtores serão incentivados a produzir mais chá (lei da oferta e procura).
Em contraste, quando uma burocracia governamental fixar metas de produção, o lado da oferta poderá responder com extrema lentidão às mudanças nas preferências dos consumidores.
O mercado incentiva as pessoas a se qualificarem – Os altos preços cobrados por neurocirurgiões incentivam estudantes a passarem pelo longo e caro processo educativo necessário para especializar-se nesta área, por exemplo.
Os bens especialmente escassos são vendidos a preços altos.
O alto preço estimula a conservação e aos cuidados – Quando uma geada destrói parcialmente a colheita de café, seu preço sobe e economiza-se mais o café. Os que são mais ou menos indiferentes entre o café e o chá tomarão mais chá. Mesmo as pessoas que não podem prescindir da preciosa rubiácea são motivados a reduzir seu consumo. Com o alto preço do café, tomarão duas em vez de três xícaras.
O sistema de preços motiva os produtores a conservarem recursos escassos – No Estado de Goiás, a terra é abundante e relativamente barata; muita terra é destinada à pastagem para manter rebanhos bovinos. Ao contrário, no Japão, a terra é relativamente escassa e cara. Os japoneses utilizam a terra intensivamente na produção de arroz, em vez de usá-la como pastos.
O mercado permite um “alto grau de liberdade econômica” – Ninguém obriga as pessoas a negociarem com certas empresas ou indivíduos (a não ser em casos de monopólio). As pessoas não têm de escolher uma profissão de acordo com diretrizes governamentais; têm a liberdade de escolher seu ramo de atividade (isso quando o governo dispõe de mecanismos para que o indivíduo tenha escolha de sua profissão). Além disso, se as pessoas poupam, têm direito de utilizar as poupanças para estabelecer sua própria empresa independente (salvo caso do Plano Collor que confiscou a poupança da população).
Mercados descentralizados dão informação sobre as condições locais – Se em uma quantidade extraordinária de terra boa para a produção de feijão for plantado milho, o preço do feijão começará a subir neste país. A majoração do feijão indicará aos agricultores do país que eles devem plantar feijão numa área maior de suas terras, em vez de dedicarem tantos hectares à produção de milho.
Nenhuma repartição governamental seria capaz de manter um conjunto de informações atualizadas e detalhadas sobre os milhões destes mercados locais. (Note a quantidade de informação que seria relevante para a decisão de plantar feijão ou milho: a qualidade da terra, o número de pessoas que comem feijão, o custo dos fertilizantes para o feijão e para o milho, o custo das sementes etc.).
Para avaliar o funcionamento do mercado, não devemos esquecer a mais importante de todas as perguntas: quais são as alternativas? Mesmo um mercado ruim poderia funcionar melhor que as alternativas, especialmente as alternativas criadas por teóricos sem antes passarem por testes práticos.
Assim, um dos mais fortes argumentos a favor do mercado lembra a frase que Winston Chruchill costumava empregar para defender o sistema democrático: Pode não funcionar à perfeição, mas funciona melhor que as alternativas.
Winston Chruchill
Aspectos negativos do Mercado
Embora o mercado dê muita liberdade de ação aos agentes econômicos, pode dar pouco mais do que o direito de morrer de fome aos fracos e desamparados -
Em um mercado, os produtores não respondem às necessidades e aos desejos de todos os consumidores, apenas ouvem as vozes dos que têm dinheiro para comprar. Portanto, em um sistema de laissez-faire, os cachorros de estimação dos ricos podem receber melhor alimentação e cuidados médicos do que os filhos dos pobres.
Um sistema completamente livre (de empresas privadas) pode ser muito instável, com anos de crescimento rápido seguidos de anos de severa recessão – Há várias circunstâncias em que a economia se torna instável, quando bancos não são regulados ou são mal regulados, por exemplo (um bom exemplo é a crise imobiliária dos EUA).
Em um sistema laissez-faire, os preços nem sempre resultam da ação de forças impessoais do mercado – Apenas em um mercado de concorrência perfeita é que o preço resulta do cruzamento das curvas de oferta e demanda – Em muitos mercados, um ou mais participantes têm o poder de mudar o preço. O monopolista ou oligopolista pode restringir o nível de produção para fazer o preço subir.
As ações de consumidores ou produtores podem criar efeitos colaterais ou externalidades – Ninguém é dono do ar ou dos rios, por exemplo, e as indústrias têm utilizado estes recursos impunemente para se desfazerem de resíduos e lixo, prejudicando outros que respiram o ar e usam a água. O mercado privado não incentiva o controle destas externalidades.
Externalidade – é um efeito colateral adverso (ou benefício), relacionado com o consumo ou a produção, em troca de que não se dá ou recebe qualquer pagamento.
Para certas atividades, o mercado simplesmente não é adequado - Caso haja uma ameaça militar, a sociedade não poderá defender-se utilizando os mecanismos do mercado – Um indivíduo não é incentivado a comprar um fuzil para o Exército, porque a sociedade em geral, e não ele especificamente, será beneficiado pela compra.
Portanto, a segurança nacional é um bom exemplo de um serviço que o governo deve prestar. Outros exemplos são o policiamento e a manutenção do sistema judiciário. Não importa se o mercado funciona bem ou mal, não se pode permitir a “compra” de juízes.
Em um sistema de laissez-faire, os homens de negócios podem fazer um trabalho admirável de satisfazer a demanda. Mas por que esses senhores mereceriam elogios por satisfazerem uma demanda que eles mesmos podem ter criado mediante a propaganda?
Nas palavras do Profº. John Kenneth Galbraith, “supor que as preferências observadas se originam do consumidor requer certa imaginação”. Neste caso é o produtor, não o consumidor, que manda. Segundo Galbraith, o consumidor é um títere, manipulado pelos produtores mediante artifícios de propaganda.
Muitos dos desejos que os produtores originalmente criam e, em seguida, satisfazem, são banais: a demanda por desodorantes, ceras, comidas sem valor nutritivo. Vários economistas marxistas modernos fazem a mesma crítica ao mercado.
Sem defender o mérito de qualquer produto, os que defendem o mercado podem contra-argumentar, baseados parcialmente na pergunta: Quais são as alternativas?
Caso o mercado não seja o instrumento para decidir quais bens “merecem” ser produzidos, quem será o responsável ? Um burocrata do governo? Não se deve permitir que as pessoas cometam seus próprios erros? E como Galbraith pode supor que todos os desejos criados são sem valor?
Afinal de contas, poucos nascem com uma preferência definida por música ou por arte. Nossa preferência musical é criada quando ouvimos um criador de boas melodias, com Vinícius de Moraes. Alguém do governo deveria proibir as músicas de Vinícius porque apenas satisfazem os desejos criados?
Finalmente, o Profº. Galbraith exagera quando sugere que as empresas podem controlar as vendas por propaganda, protegendo-se das incertezas do mercado. Mesmo um produto que é amplamente promovido pode fracassar.
Estas seis críticas ao mecanismo do mercado poderiam ser ainda mais elaboradas, para fornecer um argumento a favor de sua substituição por um sistema de controle governamental.
Os economistas marxistas dão especial ênfase a primeira e à última crítica quando atacam as economias de mercado. Mas os que pregam a reforma, em vez da eliminação do sistema de mercado, também utilizam as seis críticas.
Uma grande parte da recente história econômica da Europa Ocidental, da América do Norte e de muitos outros países do mundo tem sido escrita por tais reformadores. Os seguintes exemplos são uma amostra dos argumentos dos reformadores: o funcionamento de um sistema de mercado deve ser modificado mediante programas privados e públicos assistência para assegurar a sobrevivência dos fracos e desamparados.
Nas situações em que poucos controles sobre os bancos têm permitido instabilidade econômica, o governo deve estabelecer uma moeda forte e estável com o objetivo de propiciar um ambiente favorável ao desenvolvimento do mercado.
Os monopólios com um excesso de poder devem ser desarticulados ou severamente controlados pelo governo. O governo pode produzir diretamente os bens e serviços em áreas como a segurança nacional, a justiça e o policiamento, nas quais o sistema de mercado não funciona ou funciona mal.
Com poucas exceções, a sexta crítica não tem suscitado reformas. Em parte, isto se deve a dúvidas sobre a importância das distorções gerais da propaganda.
Outra explicação para a falta de reformas na área de propaganda tem a ver com a relação entre a propaganda e a imprensa.
A imprensa depende muito das taxas cobradas a anunciantes, para se sustentar. Severas restrições sobre o uso da propaganda poderiam debilitar a imprensa financeiramente e enfraquecer esta importante instituição democrática.
Para certos marxistas críticos do sistema de mercado, este último argumento serve para desacreditar ainda mais o sistema de mercado.
Argumentam que uma imprensa que depende dos anúncios de poderosas empresas para sobreviver não pode ser uma imprensa verdadeiramente objetiva e livre.
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